Apesar da alta da Selic, o setor imobiliário vem surpreendendo com bons resultados. Nos últimos seis meses, as ações das principais construtoras subiram 7%, superando o Ibovespa, que avançou 2,28% no mesmo período. Empresas como Cyrela, MRV, Direcional e Cury reduziram dívidas, aceleraram lançamentos e até distribuíram dividendos, uma prática incomum no setor de crescimento.
Para Marcos Duarte, analista da Nova Futura Investimentos, essas ações refletem uma gestão financeira mais eficiente. “As empresas se adaptaram ao cenário de juros altos, melhorando margens e estruturas de capital”, explica. Apesar disso, o impacto da Selic ainda é perceptível, especialmente no comportamento dos consumidores que dependem de financiamentos.
A estratégia das construtoras inclui dois focos principais. Na baixa renda, os lançamentos cresceram significativamente, impulsionados pelo programa Minha Casa Minha Vida, que não é atrelado à Selic. A MRV, por exemplo, registrou aumento de 59,7% nos lançamentos nacionais no terceiro trimestre de 2024. Já para as faixas de média e alta renda, a aposta foi no financiamento direto, reduzindo a dependência do crédito bancário.
A distribuição de dividendos também chamou atenção dos investidores. Em setembro, a Direcional pagou R$ 0,46 por ação, mostrando solidez financeira. “Isso atrai investidores, mas também reflete uma tentativa de tornar o setor menos volátil”, observa Régis Chinchila, da Terra Investimentos.
No entanto, analistas alertam que o setor ainda é sensível a ciclos de juros e estabilidade fiscal. Gianluca Di Matina, da Hike Capital, destaca que mesmo empresas sólidas continuam expostas a riscos macroeconômicos. Relatórios da Genial Investimentos reforçam que o setor enfrenta desafios, como aumento nas taxas de financiamento imobiliário e maior restrição ao crédito.
Embora as estratégias das construtoras ajudem a mitigar os impactos da Selic alta, elas não eliminam completamente a dependência do setor das condições econômicas. Segundo Duarte, essas ações são importantes para “navegar em cenários adversos”, mas a ciclicidade do mercado permanece um desafio.
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Informações retiradas de InfoMoney
