O Banco Central pretende apresentar em breve um novo modelo de financiamento para a casa própria, buscando alternativas à tradicional caderneta de poupança, principal fonte de recursos do setor imobiliário. A mudança ocorre diante da crescente perda de depósitos nessa modalidade, pressionada por produtos financeiros mais rentáveis.
Durante a abertura da Febraban Tech 2025, evento de tecnologia e inovação do setor financeiro realizado no Expo Transamérica, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou que a instituição trabalha em conjunto com os bancos, especialmente a Caixa Econômica Federal, para estruturar uma nova forma de captação.
“Estamos trabalhando nisso, conversando com os bancos, especialmente a Caixa, e pretendemos apresentar em breve um processo ponte que vai utilizar captação de mercado para normalizar isso”, afirmou Galípolo.
A discussão por uma nova fonte de financiamento habitacional ganha força em meio à proposta do governo federal de tributar as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), hoje isentas de Imposto de Renda. Os papéis têm sido um dos instrumentos usados para manter a oferta de crédito no setor. A medida faz parte do pacote fiscal do governo para ampliar a arrecadação e equilibrar as contas públicas, mas ainda precisa passar pelo Congresso. Entidades ligadas ao crédito imobiliário têm criticado a iniciativa.
Para Galípolo, a perda de recursos da poupança é reflexo de uma mudança estrutural no comportamento dos investidores. “Acho que a perda de recursos é mais estrutural, já que é difícil de competir com outras alternativas hoje. Parece natural, com mais educação financeira, a redução de recursos da poupança”, disse.
Também presente ao evento, o presidente da Caixa, Carlos Vieira, confirmou os estudos em curso para a criação de uma nova estrutura de financiamento imobiliário. Vieira defende a redução do percentual do compulsório — recursos que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central — como forma de ampliar o crédito habitacional, proposta que não conta com apoio da autoridade monetária.
“O Banco Central, como foi dito pelo próprio presidente, tem um estudo no sentido de ter operações mais estruturantes. Nós estamos dialogando nesse sentido. Ele está estudando uma oportunidade de uma nova estruturação no sentido de termos, de forma permanente, os fundos necessários”, afirmou, sem detalhar a proposta.
Durante sua apresentação, Galípolo evitou comentar sobre os rumos da política monetária, diante da proximidade da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a próxima semana. Com a inflação em queda no mês de maio, o mercado aposta na manutenção da taxa Selic, atualmente em 14,75%.
“Criou-se uma ciência do Copom que passa a observar se uma palavra foi usada anteriormente e como (ela) implicou na política monetária. Os observadores de Copom podem relaxar, não vou passar nenhum tipo de mensagem sobre Copom hoje”, concluiu.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informação retiradas de João Sorima ao “O Globo”