O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano, o que tem despertado inúmeras dúvidas para quem planeja comprar um imóvel. Essa alta, que afeta diretamente as condições de financiamento, exige uma análise sobre seus efeitos no bolso do consumidor. É fundamental entender que, embora os juros estejam em patamar elevado, investir em imóveis continua sendo uma estratégia sólida e vantajosa a longo prazo.
A rentabilidade dos imóveis no Brasil alcançou patamar histórico em 2024, chegando a 19,1% ao ano, segundo estudo realizado em parceria entre o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), e o QuintoAndar. O resultado positivo, se deve a uma combinação entre a valorização do imóvel e o rendimento com aluguéis.
A Selic não é a única variável que determina o custo do crédito. Os bancos utilizam recursos da poupança para financiar os imóveis. Ou seja, um fator crucial é o volume dos recursos captados através da caderneta de poupança. Quando há pouco dinheiro na poupança, os bancos captam de outras fontes alternativas, que são mais caras. Essa dinâmica, portanto, acaba contribuindo para o aumento do custo do financiamento.
Para os consumidores, os efeitos da alta da Selic podem variar. Nos contratos novos, é provável que os bancos repassem imediatamente a elevação dos juros. Contudo, para quem já possui contratos assinados com taxas prefixadas, as condições permanecem inalteradas. E sempre há a possibilidade de portabilidade de crédito (quando você migra sua dívida de um banco para outro com juros e condições mais vantajosas), é um caminho para que quem financiou agora não seja penalizado lá na frente, caso os juros baixem. Ou seja, existem alternativas para se proteger se o cenário mudar.
Outro ponto a ser observado é o impacto indireto nos aluguéis. Com o crédito mais caro e, consequentemente, a compra de imóveis tornando-se menos acessível para alguns, a demanda por imóveis para locação tende a aumentar. O índice IGP-M, utilizado nos contratos de aluguel, tem apresentado valorização nos últimos 12 meses. Essa alta reflete a inflação sobre os aluguéis, indicando que, mesmo em um cenário de juros elevados, o imóvel se consolida e segue como uma opção que, historicamente, valoriza ao longo do tempo.
Imóveis são ativos reais e sempre protegem contra inflação. Em períodos de incerteza econômica, os ativos reais, como os imóveis, ganham destaque. Ao contrário de ativos financeiros que podem ser voláteis, os imóveis preservam seu valor no longo prazo. Historicamente, no Brasil, vivemos em um ambiente de incertezas econômicas, ou seja, investir em imóvel é algo sólido, lastreado em algo real, e não virtual. Essa característica torna o mercado imobiliário uma opção particularmente interessante para investidores que buscam segurança e estabilidade patrimonial.
Como visto, apesar dos desafios impostos pela elevação dos juros, o setor imobiliário brasileiro mantém um histórico robusto de valorização. Dados históricos demonstram que os imóveis não apenas preservam seu valor, mas muitas vezes superam a inflação, o que reforça a atratividade desse tipo de investimento a longo prazo.
Já tivemos juros altos no passado, não é a primeira e nem a última vez. E nem por isso as vendas caíram. Ao contrário, segundo dados do Secovi-SP, no acumulado de fevereiro/2024 a janeiro/2025 foram vendidas 104,5 mil unidades na cidade de São Paulo, 35% a mais, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.
O consumidor não deve apenas olhar para a Selic de forma isolada. É essencial que seja analisado o cenário de forma abrangente, considerando tanto o aumento do custo de crédito quanto os benefícios decorrentes da valorização dos ativos reais. Se os juros estão altos, estão altos para toda a economia de uma forma geral e não apenas para os financiamentos imobiliários. Não podemos ficar congelados no tempo, esperando os juros baixarem. Temos que analisar as opções de investimento que estão disponíveis no momento, e decidir entre a melhor delas.
Segundo o IBGE, o Brasil possui 174 mil empresas ativas no setor da construção civil e de acordo com a plataforma Econodata, são 116 mil empresas de incorporação imobiliária. Enfim, para as empresas do mercado imobiliário, com juro alto ou baixo, a ordem do dia é sempre investir em imóveis. Assim, o mercado vem crescendo com números impressionantes. É claro que nem sempre se ganha, mas quando você olha no longo prazo, os ativos reais estão lá, intactos e valorizados. Investir em imóvel é uma apólice de seguro patrimonial. Não há perda. Imóvel é segurança, é solidez real.
A alta na Selic não deve desestimular aqueles que buscam comprar um imóvel, seja para investimento ou moradia. A diversificação de investimentos, aliada à resiliência do setor imobiliário, oferece oportunidades para transformar desafios em ganhos futuros. Portanto, a alta dos juros, ainda que represente um aumento no custo do crédito, não invalida o potencial dos imóveis como investimentos estratégicos e seguros. Com planejamento e uma visão de longo prazo, os desafios de hoje podem se converter em grandes oportunidades para quem deseja garantir segurança e valorização patrimonial no futuro.

Marcos Bigucci é advogado, diretor da Construtora MBigucci, mestre em Administração de Empresas pela Devry University – USA, Master Business Administration (MBA) pela FGV/Brasil e certificado pela Harvard University – USA em Tecnologia e Empreendedorismo.
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Informações cedidas por Marcos Bigucci