As recentes mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) estão gerando efeitos concretos no mercado imobiliário de Belo Horizonte. Entre janeiro e abril de 2025, a proporção de moradores da capital mineira com intenção de comprar um imóvel nos próximos seis meses passou de 6% para 10%. Os dados são do Índice de Confiança no Setor Imobiliário da Loft, em parceria com a Offerwise.
A elevação no interesse coincidiu com a criação da nova Faixa 4 do programa habitacional, apresentada em abril pelo governo federal. A iniciativa ampliou os limites de renda — agora de até R$12 mil mensais — e de valor do imóvel, que pode chegar a R$500 mil. Além disso, as condições de financiamento passaram a oferecer até 420 meses para pagamento, com juros nominais de 10% ao ano, abaixo das taxas praticadas pelo mercado.
“O setor de compra e venda está muito resiliente, mesmo com o aumento da taxa de juros, e agora apresenta até perspectiva de aumento de vendas. A pesquisa aponta que há crescimento da intenção de compra em todas as classes sociais”, afirma Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.
Segundo o levantamento, entre janeiro e abril, a intenção de compra de imóveis cresceu em todas as classes sociais: de 10% para 18% na classe A; de 5% para 13% na classe B; e de 5% para 8% nas classes C, D e E. “O desejo da casa própria continua sendo uma prioridade para muitas famílias brasileiras, especialmente entre as classes mais populares”, observa Takahashi. “A pesquisa também indica um início de melhora nas condições financeiras percebidas pelas famílias para o futuro”, completa.
Outro fator de estímulo seria o investimento em imóveis para renda. “Há uma parcela que está olhando a compra de imóvel para buscar retorno com aluguel, que tende a se valorizar devido ao aumento da taxa de juros”, diz Takahashi.
Segundo a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), o MCMV oferece taxas mais atrativas que as praticadas no mercado. Em uma simulação para um imóvel de R$ 500 mil, uma família com renda de R$11 mil teria parcela de R$3.300 via MCMV. Em comparação, o mesmo financiamento sairia por R$3.700 na Caixa Econômica Federal e R$ 4.200 em bancos privados — exigindo renda de R$ 14 mil para manter o mesmo nível de comprometimento.
Além da capital mineira, outras grandes cidades também apresentaram alta na intenção de compra: Porto Alegre (de 4% para 10%), Rio de Janeiro (de 5% para 10%) e São Paulo (de 5% para 11%).
Em BH e Nova Lima, as vendas totalizaram R$1,3 bilhão no primeiro trimestre de 2025 — 6% a mais que no mesmo período de 2024. Os lançamentos somaram R$ 1 bilhão, representando uma alta de 21%. “O mercado imobiliário em Belo Horizonte mantém-se aquecido, mesmo diante da valorização contínua dos imóveis e do cenário macroeconômico de juros elevados”, avalia Takahashi. “O crescimento expressivo no número de lançamentos, especialmente no segmento de apartamentos econômicos, revela uma demanda consistente por moradias com bom custo-benefício, localizadas em bairros estratégicos da capital”, conclui.
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Informações retiradas Raíssa Pedrosa ao O Tempo