O mercado imobiliário do sul da Flórida, que viveu um crescimento acelerado durante a pandemia, começa a dar sinais mais claros de enfraquecimento. Em abril, as vendas de imóveis em Miami, Fort Lauderdale e West Palm Beach registraram as maiores quedas entre as 50 maiores regiões metropolitanas dos Estados Unidos, segundo análise da Redfin.
Miami liderou o recuo, com uma queda de 23% nas vendas em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em Fort Lauderdale, a redução foi de quase 19%, enquanto West Palm Beach teve queda de cerca de 14%.
Além da queda nas vendas, os imóveis estão demorando mais para serem vendidos. Em média, uma casa em Miami levou 81 dias para ser negociada em abril — quase o dobro do tempo registrado no auge da demanda, em 2022. Já Fort Lauderdale e West Palm Beach dividiram o topo do ranking das cidades com maior tempo de espera: 83 dias.
“O sul da Flórida é o epicentro da fraqueza do mercado imobiliário nos Estados Unidos”, afirmou Chen Zhao, chefe de pesquisa econômica da Redfin. “A questão para o resto do país é: isso vai se espalhar? A Flórida está excepcionalmente ruim agora.”
Durante a pandemia, a região atraiu muitos novos moradores, o que impulsionou os preços e as vendas — especialmente no mercado de luxo. Porém, com a migração desacelerando e os custos elevados (como seguros e taxas de hipoteca), as transações começaram a diminuir.
“Estamos vendo uma deflação realmente longa e lenta dessa bolha”, disse Zhao, referindo-se ao comportamento do mercado no sul do país desde a era da covid-19.
Os preços já refletem a mudança. Em março, o valor mediano de venda na Flórida caiu 1,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em abril, quase 5% dos imóveis vendidos em Miami, Fort Lauderdale e West Palm Beach foram negociados abaixo do preço de listagem.
O setor de alto padrão, que teve desempenho histórico durante a pandemia, também foi impactado. Segundo dados da Zillow Group, 18% das listagens de luxo no sul da Flórida tiveram cortes de preço no último mês de abril.
Além disso, o aumento no número de imóveis disponíveis vem pressionando ainda mais o mercado. No condado de Miami-Dade, a oferta cresceu 43% em abril na comparação anual, conforme relatório da Miami Realtors. A alta se deve tanto à redução no número de compradores quanto ao excesso de construções iniciadas para atender à antiga demanda — sem contar problemas estruturais em condomínios mais antigos, que agora exigem reformas e aportes financeiros.
Entre altos custos, excesso de estoque e uma demanda em queda, o mercado imobiliário da Flórida vive uma fase de ajuste que pode impactar outras regiões dos Estados Unidos.
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Informações retiradas de Anna J Kaiser a Bloomberg Linea