O mercado imobiliário residencial de Porto Alegre registrou um aumento nos preços em 2023, tanto para imóveis usados quanto para novos. De acordo com dados do Secovi-RS, o valor médio do metro quadrado de unidades usadas subiu 4,01%, marcando a maior alta em nove anos. Paralelamente, os apartamentos residenciais novos também apresentaram uma elevação de 6,84%, conforme relatórios do Sinduscon-RS.
Especialistas apontam que esse cenário é resultado de um mercado menos aquecido em alguns segmentos, devido às taxas de juros altas, bem como à diminuição na oferta de imóveis residenciais.
O mercado de imóveis residenciais usados no Rio Grande do Sul apresentou um aumento discreto nos preços em 2023, com uma variação de 4%, conforme dados do Secovi-RS. Esse incremento, embora represente uma alta, ainda se mantém abaixo da inflação oficial do país, que foi de 4,62% no mesmo período. A inflação controlada no ano passado favoreceu parte da população na compra de imóveis, impulsionando as vendas de unidades usadas, segundo análise da entidade.
A gerente do Secovi/RS, Carolina Cioccari, observa que o leve aumento nas vendas também influencia a oferta de imóveis nesse segmento, o que consequentemente afeta os valores. Além disso, Carolina ressalta a expectativa de juros mais baixos nos próximos meses, o que tende a aumentar a demanda por residências, contribuindo para esse cenário de mercado.
— Tem uma redução na oferta dos usados. Isso é uma coisa que impacta. Se tem menos usados, porque teve um movimento um pouco maior de venda, automaticamente o que está à disposição sobe de valor. A expectativa de queda na taxa de juro também valoriza os imóveis, comenta Cioccari.
O estoque de imóveis usados na Capital registrou uma queda de 2,24% em dezembro de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo levantamento. Essa redução reforça a análise da gerente, que destaca a relação entre a oferta de unidades e o aumento nos preços dos residenciais usados. O professor Alberto Ajzental, da FGV, também aponta que o ambiente de juros altos afastou parte dos compradores do mercado de imóveis novos, resultando em uma diminuição na oferta e inflação nos preços de venda.
A interação entre o preço do metro quadrado, a taxa Selic e a oferta de imóveis no mercado influencia diretamente no comportamento dos preços. Com menos imóveis novos entrando no mercado, a oferta de imóveis usados também diminui, o que pode levar a um aumento nos preços. No entanto, segundo Ajzental, a elevação dos preços pode ocorrer em um ritmo mais moderado devido à pequena queda na oferta de imóveis usados, resultando em uma alta abaixo da inflação do país.
- O estudo realizado pelo Secovi-RS revela detalhes importantes sobre o mercado imobiliário de Porto Alegre, especialmente no que diz respeito aos imóveis usados. O levantamento considera uma ampla variedade de propriedades, como apartamentos, casas, coberturas, mobiliados e semimobiliados, abrangendo todas as áreas da cidade. Dos 69 bairros incluídos na análise, todos apresentaram oferta suficiente para garantir a precisão dos resultados.
- Uma observação crucial destacada pelo sindicato é que uma variação no valor médio do metro quadrado de um bairro não deve ser automaticamente interpretada como uma indicação de desvalorização da região. Isso se deve ao fato de que a venda de imóveis com preços mais elevados pode influenciar a média da área, especialmente ao retirar do cálculo propriedades de maior valor.
Imóveis novos
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sinduscon-RS, Alphaplan – Inteligência em Pesquisas e a Órulo, o preço médio do metro quadrado das unidades novas registrou uma elevação de 6,84%, embora não tenha atingido o ponto mais alto na série histórica do Sinduscon-RS. Esta alta representa o menor percentual de aumento nos últimos três anos.
Próximos meses
Segundo o professor Alberto Ajzental, da FGV, o preço médio do metro quadrado dos imóveis residenciais usados pode aumentar este ano acima da inflação. Ele prevê que o IPCA possa alcançar um patamar menor do que no ano passado. No entanto, não espera grandes sobressaltos nos reajustes de preço.
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Informações retiradas de Anderson Aires à GZH
