Equilibrar 47 anos de tradição com a mais disruptiva tecnologia do momento pode parecer um paradoxo, mas para o Grupo Estrutura, é a definição de seu DNA. A companhia, nascida em Joinville (SC) e hoje em plena expansão nacional, se autointitula “tradicionalmente inovadora”, uma filosofia encarnada por seu CEO, Marconi Bartholi. Em entrevista exclusiva ao Papo Imobiliário, o executivo revelou como o blockchain está sendo usado não apenas para modernizar, mas para reescrever as regras financeiras do setor.
Líder da segunda geração da empresa familiar, hoje com governança profissional, Bartholi explica que a inovação sempre foi um pilar. Um exemplo tangível está em seus produtos, como a criação da planta mais inovadora do país: uma “double suite” que pode ser dividida em duas unidades independentes durante o uso, maximizando o retorno para investidores. Essa mesma visão de vanguarda agora se volta para a tokenização, tema que o CEO estuda desde seu início no Brasil, há sete anos.
“Nos posicionamos de forma inovadora nas ondas da tecnologia, mas sempre com um lado conservador de cuidado com a legalidade do negócio”, afirma Bartholi.
A revolução do Smart Contract
O ponto central da estratégia não é apenas eliminar a burocracia, mas transformá-la em inteligência. Marconi Bartholi explica que, com o blockchain, a compra de um imóvel se torna tão simples quanto um PIX, mas a verdadeira magia está no smart contract (contrato inteligente).
Diferente de um mero arquivo digital, o smart contract permite programar regras complexas e automáticas para o ativo. A inovação mais impactante, segundo o CEO, é a capacidade de criar um sistema de performance e remuneração contínua. “É possível programar recebimentos residuais ao longo do tempo. Se a valorização de um imóvel superar a média de mercado, podemos estipular uma taxa de performance sobre o excedente para quem desenvolveu e vendeu o projeto. É exatamente o que já vivemos há muitos anos nos bancos com os fundos de investimento”, compara.
Em um contrato de papel tradicional, essa possibilidade é nula, pois as revendas futuras ocorrem sem o conhecimento ou participação do incorporador original.
Liquidez imediata e o fim do custo financeiro
A vantagem mais poderosa, no entanto, é a financeira. No modelo tradicional, mesmo que um empreendimento seja 100% vendido no lançamento, o incorporador recebe apenas uma pequena entrada, com o restante do valor sendo pago em parcelas ao longo de anos. A tokenização inverte essa lógica.
“Como o token é pago à vista, semelhante à compra de uma criptomoeda, a tecnologia permite trazer as vendas inteiras de um empreendimento para o dia 1 do lançamento”, revela Bartholi. O impacto é transformador: “Você impactou radicalmente seu custo financeiro, que foi eliminado, e trouxe seu lucro 5 anos antes.”
Essa liquidez imediata não só capitaliza a empresa para novos projetos, como permite remunerar os próprios investidores (tokenistas) com dividendos durante o período da obra.
Para o Marconi Bartholi, o Brasil está em uma posição única para liderar essa onda. “Nossas ineficiências estruturais, como os altos custos de registro e a burocracia, abrem um espaço imenso para melhoria. O impacto aqui será tão grande que podemos nos tornar referência para o mundo inteiro”, conclui.
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