Presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), o engenheiro civil Ricardo Beschizza defende a necessidade de diversificar as fontes de financiamento no setor da construção. Em entrevista a A Tribuna, o também membro do Conselho Diretor da CBIC avaliou os avanços e obstáculos que impactam o setor, um dos pilares da economia brasileira.
A recente criação de uma nova faixa no programa Minha Casa, Minha Vida, voltada para famílias com renda de até R$ 12 mil, foi vista como um avanço. “Essa nova faixa era uma demanda antiga do setor”, destacou. Apesar da iniciativa ampliar o público atendido, Beschizza alerta: “O recurso destinado a essa faixa é limitado. Isso deve ser consumido rapidamente em nível nacional.”
Além das restrições orçamentárias, a produção de moradias populares ainda enfrenta desafios estruturais. “Hoje há mais qualidade, mais exigência e mais critérios. Mas produzir em regiões com menor renda é mais difícil, porque a conta não fecha.”
Beschizza também comentou a nova legislação que permite construções residenciais no Centro de Santos, considerada positiva. “É um avanço importante. O Centro já possui infraestrutura, o que favorece o desenvolvimento. À medida que as pessoas passam a morar na região, o comércio se desenvolve também.”
Com espaço urbano limitado, a tendência é reunir terrenos menores para viabilizar empreendimentos maiores. “Comprar diversos imóveis exige tempo e negociação. A ideia é reunir lotes e lançar empreendimentos com escala viável para o mercado”, explicou.
Questionado sobre os microapartamentos, ele pondera que o modelo tem espaço restrito fora dos grandes centros. “Santos tem 430 mil habitantes. Podemos ter cinco ou seis empreendimentos assim, mas não muito mais. O risco de saturar o mercado é alto.”
Quanto ao futuro do financiamento, Beschizza mostra preocupação com a sustentabilidade do FGTS. “A poupança segue importante, mas o FGTS corre risco. Sem crescimento do emprego formal, o fundo deixa de ser alimentado”, afirmou. Ele defende o uso de alternativas, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), mesmo que com custos mais altos.
A escassez de mão de obra é outro entrave enfrentado pelo setor. “Trabalhar na construção é pesado. A saída passa por industrialização, robotização e qualificação, mas isso também está mais difícil”, disse.
Sobre inovações nos empreendimentos, como automação e infraestrutura para carros elétricos, ele avalia que é preciso cautela. “Tomadas para carros elétricos ainda são inviáveis em muitos casos. Já a automação pode ser bem recebida, desde que o cliente perceba valor.”
Beschizza conclui com uma análise do cenário político-econômico. “O Governo precisa resolver seu problema fiscal. Falta previsibilidade, segurança jurídica e uma taxa de juros mais baixa. Mas o setor é resiliente e sempre se adapta.”
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Informações retiradas de Victor Barreto A Tribuna