A compra e venda de terras no Brasil nunca esteve tão aquecida — e isso tem movimentado não só o campo, mas também os grandes escritórios de advocacia. Com a profissionalização crescente do agronegócio e um aumento das recuperações judiciais, cresce também a demanda por consultoria jurídica para intermediar negociações antes marcadas pela informalidade.
“Em um ano tivemos um aumento de 50% de clientes com essa demanda”, afirma Marcelo Guaritá, sócio do escritório Peluso, Guaritá Borges e Rezende e membro do Comitê de Leis e Regulamentos da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Ele destaca que a região Centro-Oeste lidera as movimentações, mas o cenário é de alta em todo o país. “As terras estão sendo vendidas para pagar dívidas e isso tem gerado um crescimento muito visível do volume de negócios”, completa.
No escritório Abe Advogados, a movimentação levou à abertura de uma nova sede física em Goiânia. “Acredito que esse grande movimento está ligado ao crescimento da profissionalização do setor”, afirma Flávio Álvares, responsável pela operação na capital goiana. “Mas ainda é o tipo de acompanhamento que pede o contato direto, por isso estamos fisicamente mais próximos desse polo”, explica. Segundo ele, a procura por apoio jurídico mais que dobrou no último ano.
Para Natasha Giffoni Ferreira, sócia do Volk & Giffoni Ferreira Advogados, essa transformação passa pela entrada de executivos no setor. “São CEOs, CFOs com grande experiência no mercado nacional e internacional que estão sendo absorvidos pelo agronegócio”, avalia. Segundo ela, há uma percepção mais clara de que as negociações de terras exigem processos judicializados. “A própria legislação tende a evoluir, o que pode estimular a participação internacional nas operações”, aponta.
Dados da Scot Consultoria mostram o tamanho dessa valorização: em cinco anos, o preço médio do hectare para agricultura saltou 113%, de R$ 14.818,10 em julho de 2019 para R$ 31.609,87 em 2024. No caso de terras para pastagem, a valorização foi de 116%, chegando a R$ 17.886,94 por hectare.
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Informações retiradas de Pedro Gil a Veja