Após um ano de forte crescimento, o mercado imobiliário residencial brasileiro apresentou estabilidade no primeiro trimestre de 2025. Segundo levantamento da Abrainc em parceria com a Deloitte, divulgado pela EXAME, a procura e as vendas mantiveram-se praticamente inalteradas. No entanto, a alta da taxa de juros começou a impactar de forma mais evidente o segmento de médio e alto padrão.
O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) segue sendo o principal motor do setor, mesmo com uma leve desaceleração em relação a trimestres anteriores. Em 2024, as vendas gerais cresceram 11,8%, no melhor desempenho desde o início da série histórica, em 2014.
“Esse resultado histórico foi impulsionado, principalmente, pela força do Minha Casa, Minha Vida, que alcançou, no mesmo ano, seu recorde de lançamentos desde a criação do programa, em 2009. A demanda segue consistente e tem sido fundamental para sustentar os níveis de procura e venda no setor imobiliário residencial”, afirmou Luiz França, presidente da Abrainc.
Impacto nos segmentos
De acordo com o levantamento, a média geral de procura e vendas de imóveis residenciais ficou em 1,95 e 1,96 pontos, respectivamente, numa escala que vai até 3. O setor de baixa renda, atendido pelo MCMV, manteve média de 2,18 pontos, sustentando os resultados gerais.
Já no segmento de médio e alto padrão, os efeitos dos juros altos se intensificaram. A expectativa de vendas recuou para 1,69 pontos, queda de 0,09 em relação ao trimestre anterior.
“É preciso considerar que os indicadores estão em um alto patamar, com três anos seguidos de aumento. Agora, os compradores estão mais receosos quanto aos investimentos diante da taxa de juros mais alta, e consequentemente do financiamento mais caro”, explica Claudia Baggio, sócia de análise financeira e líder da prática de mercado imobiliário da Deloitte.
Mesmo com esse cenário, o setor ainda demonstra resiliência, impulsionado pela valorização dos aluguéis e o persistente déficit habitacional no país.
Perspectivas para 2025
A expectativa para os próximos meses é positiva, especialmente com a expansão do Minha Casa, Minha Vida. A nova Faixa 4, que contempla famílias com renda de até R$ 12 mil, deve atrair a classe média com condições de financiamento mais acessíveis, incluindo juros reduzidos e parcelas até 27% menores.
Além disso, a pesquisa revela que 98% das incorporadoras do MCMV e 89% do segmento de médio e alto padrão pretendem lançar novos empreendimentos nos próximos 12 meses. Também foi registrada uma leve melhora na disposição para aquisição de terrenos por empresas do médio e alto padrão — um sinal de otimismo moderado com o futuro do setor.
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Informações retiradas de Letícia Furlan a Exame