Atrair investimentos internacionais tem se tornado cada vez mais desafiador para o Brasil. Em um cenário global marcado por incertezas geopolíticas — como a guerra na Ucrânia e as tensões entre China e Estados Unidos — o capital estrangeiro não desapareceu, mas tem redesenhado suas prioridades. E o Brasil, atualmente, não figura entre elas.
De acordo com dados de 2023 da UNCTAD, o investimento estrangeiro direto na América Latina caiu 14%, e o fluxo de aportes no Brasil segue em retração. O motivo? Baixa previsibilidade econômica, ambiente regulatório instável e juros elevados. O capital hoje prioriza mercados mais maduros, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, que oferecem retorno competitivo com menos risco.
Enquanto isso, países latino-americanos como México e Chile têm conseguido atrair investidores: o primeiro com o avanço do nearshoring, e o segundo com regulações claras e crescimento em energia limpa. Já o Brasil segue atrasado em temas essenciais, como infraestrutura — que hoje representa apenas 2,2% do PIB, segundo a Abdib, muito abaixo dos 4,3% considerados ideais.
Se quiser retomar seu espaço, o país precisa avançar em três frentes: garantir estabilidade macroeconômica, fortalecer a segurança jurídica e investir em infraestrutura urbana e logística. O potencial existe — com um mercado interno robusto, demografia favorável e alto consumo —, mas é necessário gerar confiança de longo prazo.
O capital internacional está em busca de segurança e retorno. O Brasil precisa mostrar que está pronto para oferecer ambos. E o setor imobiliário pode ser parte importante dessa virada, desde que haja um compromisso real com mudanças estruturais.
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Informações retiradas de Gustavo Favaron ao Estadão