Mesmo com a taxa básica de juros (Selic) mantida em 14,25% ao ano, o mercado imobiliário brasileiro segue otimista. Para Renato Lomonaco, diretor de assuntos econômicos e administrativos da Abrainc, um cenário ideal para o setor inclui emprego, renda e juros baixos. Apesar de o Brasil ainda não apresentar esse conjunto completo, há sinais positivos que sustentam a confiança no mercado.
Uma pesquisa realizada pela Sienge mostra que 76% dos empresários do setor pretendem investir em 2025. Segundo Lomonaco, essa disposição se deve a fatores macroeconômicos, como o crescimento das exportações, o bom desempenho da bolsa brasileira frente à americana e a queda do desemprego, que alcançou o menor nível trimestral desde 2012.
“O desemprego caiu quase pela metade desde 2021 e este é um critério de vendas importante”, explica o executivo. “Quando a economia brasileira está bem é porque a construção empurra. Já quando a economia vai mal, o mercado imobiliário sofre mais”, completa.
Além dos indicadores econômicos, a própria resiliência do setor também colabora para o otimismo. Desde março de 2023, os imóveis valorizaram 10,7%, segundo o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R). Já os custos de construção aumentaram 7,3%, conforme dados do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). O aluguel também teve forte alta, o que atrai investidores em busca de renda passiva.
De 2020 até hoje, os preços dos aluguéis subiram 63,6%, enquanto a inflação acumulada foi de 33,5%. “A valorização dos imóveis é atrativa para os compradores e o avanço no preço do aluguel expulsa os locatários. A isso se soma o boom demográfico. Ou seja, observamos uma demanda crescente por imóveis no Brasil”, afirma Lomonaco.
Classe média sente mais os efeitos dos juros
Apesar dos sinais positivos, os juros elevados ainda são um obstáculo, especialmente para a classe média. “Se a gente tivesse juros mais baixos, a emissão de CRIs seria maior”, diz Lomonaco. “No entanto, se a empresa conseguir administrar bem este desafio, consegue aproveitar melhor o setor”, pondera.
Para Fabrício Schveitzer, conselheiro de negócios da Sienge, esse impacto é desigual entre as faixas de renda. “A alta renda é imune aos juros altos e a baixa renda conta com subsídios, como os do Minha Casa, Minha Vida. Já a classe média é composta de assalariados e sofre bastante com o impacto dos juros, que é brutal sobre as parcelas”, analisa.
Schveitzer observa que, embora existam regiões com bom desempenho, como aquelas impulsionadas pelo agronegócio, há sinais de desaceleração. “Apesar de ter lugares muito pujantes para o segmento, como regiões ligadas ao agro, estamos observando uma desaceleração e sinais de cansaço nas vendas de imóveis de classe média. Vemos um sinal amarelo do setor”, alerta. “À medida que não vemos sinais de arrefecimento da inflação, a Selic alta começa a fazer pequenas rachaduras no mercado imobiliário”, conclui.
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Informações retiradas de Breno Damascena ao Estadão