O mercado imobiliário brasileiro teve um crescimento expressivo de 15% no primeiro trimestre de 2025, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgados nesta segunda-feira (19). A alta foi registrada tanto nas vendas quanto nos lançamentos de imóveis novos, em um cenário marcado por juros elevados.
Entre janeiro e março, foram comercializadas 102.485 unidades residenciais, um avanço de 15,7% em relação ao mesmo período de 2024. Os lançamentos somaram 84.924 imóveis, crescimento de 15,1% na mesma base de comparação. Os dados abrangem imóveis novos em 221 cidades brasileiras.
O principal motor desse desempenho foi o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que respondeu por 53% dos lançamentos e 47% das vendas no período. Com juros subsidiados entre 7,66% e 8,16% ao ano, o programa se apresenta como alternativa em meio ao encarecimento do crédito — atualmente com taxas de financiamento na casa dos 12%, enquanto a Selic segue em 14,75% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
Segundo a CBIC, a força do programa tem compensado o ambiente econômico desafiador. “Mesmo em um cenário de crédito caro, o brasileiro segue acreditando no investimento em moradia. A força do MCMV, aliada ao crescimento da renda e à estabilidade no emprego, sustenta esse desempenho positivo”, afirmou Renato Correia, presidente da entidade.
O levantamento mostra que os melhores resultados estão concentrados em regiões onde o MCMV é mais atuante, como Norte e Nordeste. O Sudeste, especialmente São Paulo, também teve destaque nos lançamentos do programa.
No entanto, em relação ao último trimestre de 2024, houve retração: as vendas caíram 4,2% e os lançamentos recuaram 28,2%, sinalizando uma desaceleração pontual. Ainda assim, o setor opera com estoque considerado equilibrado, capaz de suprir a demanda pelos próximos oito meses sem novos lançamentos.
“A despeito da Selic elevada e das incertezas macroeconômicas, o desejo do brasileiro pela casa própria continua movendo o setor”, afirmou Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP e conselheiro da CBIC.
Novas regras do programa
As mudanças recentes no Minha Casa, Minha Vida ainda não impactaram os dados do primeiro trimestre. Em vigor desde 5 de maio, as novas regras incluem a criação da Faixa 4, que amplia o acesso ao programa para famílias com renda mensal entre R$ 8,6 mil e R$ 12 mil. Esses beneficiários poderão financiar imóveis de até R$ 500 mil.
A Caixa anunciou condições específicas para essa nova faixa: taxa de juros nominal de 10% ao ano, financiamento de até 80% para imóveis novos e de 60% para usados nas regiões Sul e Sudeste (80% para as demais).
Houve também reajuste nos limites de renda das faixas já existentes. A Faixa 1 passou a contemplar famílias com até R$ 2.850 mensais; a Faixa 2, até R$ 4,7 mil; e a Faixa 3, até R$ 8,6 mil. O teto de financiamento para imóveis novos é de R$ 350 mil e, para usados, de R$ 270 mil (na Faixa 3).
Segundo o Ministério das Cidades, cerca de 100 mil famílias devem ser beneficiadas pelas mudanças nos limites de renda.
A CBIC se mantém otimista em relação ao desempenho do setor ao longo de 2025, destacando a consolidação da Faixa 4 como um dos vetores de crescimento. “Mesmo assim, o setor opera com estoque equilibrado, suficiente para atender à demanda pelos próximos oito meses, caso não haja novos lançamentos”, afirmou Ely Wertheim, vice-presidente da entidade.
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Informações retiradas de Darlan Helder ao G1