Por décadas, os imóveis de luxo em São Paulo estiveram concentrados em bairros tradicionais como Jardins, Itaim Bibi, Moema e Vila Olímpia. Mas esse cenário começa a se transformar. Segundo levantamento da consultoria Brain, feito a pedido do Estadão, o mercado de alto padrão está se expandindo para novos bairros, como Vila Nova Conceição, Vila Mariana, Perdizes, Pinheiros, Brooklin, Campo Belo, Vila Clementino, Tatuapé e Santana.
A principal razão para essa mudança é a escassez de terrenos nos bairros mais consolidados da capital paulista. Com poucas áreas disponíveis e um público que busca diferenciais como localização estratégica, vista privilegiada e serviços de alto padrão, as incorporadoras têm apostado em regiões adjacentes aos centros comerciais tradicionais. Cyrela, SKR, Trisul, Stan, Marquise e Eztec são algumas das construtoras que lideram esse movimento.
Luxo além dos limites: expansão geográfica com sofisticação
Para o CEO da Brain, Fabio Tadeu Araújo, a expansão ocorre de forma orgânica: os bairros tradicionais acabam “transbordando” para os vizinhos. No entanto, há um desafio importante: não basta construir um empreendimento de luxo em um bairro que ainda não tem esse perfil consolidado. O consumidor de alto padrão tende a ser exigente e busca imóveis que se integrem ao contexto local, tanto estética quanto socialmente.
Exemplo disso é a Vila Nova Conceição, bairro vizinho ao Itaim Bibi, que lidera os lançamentos de imóveis acima de R$6 milhões em 2024. É ali que está o ParkView, da Marquise Incorporações, com unidades vendidas por cerca de R$ 6,6 milhões e vista livre para o Parque do Ibirapuera. O projeto tem assinatura da Porsche Consulting e do estúdio aflalo/gasperini, com design arquitetônico sofisticado e áreas comuns de mil metros quadrados.
Pinheiros e Perdizes: nova fronteira do alto padrão
Outro bairro que se destaca é Pinheiros. Graças à sua localização estratégica — entre a Avenida Paulista e a Faria Lima — e à oferta crescente de bares, restaurantes e serviços, Pinheiros virou sonho de consumo. A Stan, por exemplo, lançou no bairro projetos como o P-11 (com apartamentos de até R$15 milhões) e o Bioarq, com plantas entre 70 m² e 95 m², ambas localizações privilegiadas próximas ao metrô.
A reclassificação do zoneamento da Avenida Rebouças, que agora permite edifícios comerciais, também impulsionou o bairro, com empresas como a Amazon alugando prédios inteiros na região.
Em Perdizes, a Marquise prepara um novo lançamento e a SKR já atua com imóveis de luxo, assim como em Moema, Vila Madalena e Higienópolis.
Exclusividade como palavra-chave
O consumidor de imóveis de luxo não busca apenas metragem ou localização. Segurança, design assinado, plantas inteligentes e exclusividade são elementos indispensáveis. Empreendimentos como o Pierino (nos Jardins, com 400 m² e vista garantida graças à compra de potencial construtivo ao redor) e o Praça Henrique Monteiro (em Pinheiros, com valorização de quase 100% desde o lançamento) refletem essa tendência.
Segundo Sandra Germanos, diretora de marketing da Stan, o conceito de luxo também está ligado à praticidade: “Luxo é morar perto do seu trabalho, do parque, da escola dos filhos e do seu clube”.
Inovação nos projetos: da fachada à planta
A SKR, em sociedade com a Cyrela, destaca-se por oferecer diferenciais difíceis de replicar. O EMIIE Moema, por exemplo, oferece plantas que não se tocam, vista de 180° e ventilação cruzada — itens cada vez mais valorizados pelo público de alto padrão.
“Acertar a planta não é simples. Um cliente de 300 m² pode querer quatro suítes com banheiros duplos, home office integrado e luz natural de três lados. Esse nível de exigência só é possível com projetos muito bem pensados”, afirma Rodrigo Putinato, COO da SKR.
Parcerias com marcas de luxo e novos polos
A Cyrela, em parceria com a Armani/Casa e J. Safra Properties, trouxe para o Jardim Guedala o Vista Cyrela Furnished by Armani/Casa, com duas torres de 206 metros de altura. Já a Eztec, com a Lindenberg, desenvolve projetos como o Alto das Nações, no complexo que abrigará a maior torre corporativa da cidade, e atua também no Paraíso, com unidades entre R$2,5 milhões e R$7 milhões.
Segundo Tellio Totaro Jr., da Eztec, “o consumidor desse perfil quer algo que se destaque — e isso envolve localização, arquitetura, vista e um entorno valorizado”.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Lucas Agrela ao Estadão