O mercado imobiliário tem o hábito de redesenhar as fronteiras dos bairros da cidade, estendendo-as em direção às áreas mais valorizadas. No entanto, em São Paulo, os limites tradicionais dos bairros são bem conhecidos pelos moradores. Apesar da tendência de renomear bairros, como Santa Cecília sendo associada a Higienópolis e Carrão ao Tatuapé, alguns locais resistem a essa tendência.
Um exemplo é o bairro de Cambuci, que mantém sua identidade, mesmo que o mercado imobiliário possa ser tentado a associá-lo à Aclimação ou Liberdade. Cambuci está se afirmando com orgulho, reivindicando sua própria identidade e cultura, como evidenciado pelas camisetas que proclamam: “Cambuci, 100% Cambuci”.
O bairro em questão tem se destacado pela sua localização central, acesso facilitado aos meios de transporte e um potencial de valorização. De acordo com a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), houve um aumento substancial no valor do metro quadrado dos lançamentos de apartamentos no período de 2020-2022 para 2022-2024, passando de R$ 6.904 para R$ 9.588, representando um crescimento nominal de aproximadamente 40%.
O economista Pedro Tenório, do Datazap, observou um “salto para outro patamar de preço” nos lançamentos imobiliários do bairro em 2022. Esse aumento expressivo, com um índice de valorização de 29,48%, em comparação com 4,32% do ano anterior, é atribuído por Tenório à conjuntura do momento. Ele destaca o aumento dos preços da construção durante a pandemia e as taxas de juros baixas que estimularam um boom no mercado imobiliário em 2021 como fatores influentes nesse cenário.
Nos últimos anos, o bairro do Cambuci, em São Paulo, tem passado por uma notável transformação. Uma região outrora dominada por indústrias de pequeno e médio porte está se reinventando com a crescente construção de edifícios residenciais. Este renascimento urbano foi impulsionado pela inclusão de extensas áreas do bairro na categoria de Zona Especial de Interesse Social (Zeis 3) no Plano Diretor de São Paulo, durante os anos 2000.
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Informações retiradas de Paulo Vieira à Folha
