O mercado imobiliário brasileiro registrou uma queda significativa no interesse por aquisições com fins de investimento em 2024. De acordo com o relatório Raio-X FipeZap, a participação de compradores interessados em imóveis como investimento caiu de 49% no início do ano para 39%. A alta da taxa de juros, a Selic, foi apontada como principal fator para essa queda, afetando diretamente o financiamento imobiliário, que não se enquadra no programa Minha Casa, Minha Vida e segue os movimentos da taxa básica de juros.
No último ano, também houve um aumento no número de pessoas interessadas em alugar imóveis adquiridos. O relatório aponta que a procura por imóveis para locação subiu de 59% para 79%, atingindo o maior índice da série histórica. Além disso, os descontos nos preços das negociações de imóveis diminuíram, caindo de 8% para 6% em 2024.
Paula Reis, economista do DataZap, afirmou: “A queda na participação de transações classificadas como investimento pode estar relacionada com o aumento da taxa básica de juros, a Selic, que afeta a taxa de remuneração de investimentos alternativos ao investimento em imóveis, seja para venda ou locação. Já para os interessados em imóveis com fins de moradia, esse recuo pode estar associado às mudanças nas regras da Caixa Econômica, que reduziram o porcentual do valor do imóvel financiado e aumentaram as taxas de juros do financiamento imobiliário.”
A Caixa Econômica Federal implementou mudanças nas regras de financiamento no final de 2023, exigindo entradas maiores nos contratos. Agora, é necessário dar 30% do valor do imóvel na modalidade SAC e 50% na modalidade Price, antes exigindo 20% e 30%, respectivamente. Embora as mudanças tenham sido criticadas, elas foram feitas para ajustar o fluxo de recursos de financiamento, especialmente devido aos saques da poupança, que financia os imóveis das classes média e alta.
Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV/Ibre, explicou que, em tempos de juros elevados, os investidores tendem a acumular capital para comprar imóveis quando as taxas de juros caírem. Ela afirmou: “Se, em vez de comprar o imóvel e pôr para alugar, você colocar o dinheiro no mercado financeiro, vai ter uma rentabilidade muito maior. Mas há quem invista em imóveis, a despeito de tudo, porque imóvel é (sinônimo de) segurança.”
Além disso, a reforma tributária também pode influenciar os investimentos no setor. Segundo o texto mais recente, o proprietário de imóveis que receber mais de R$ 240 mil anuais em aluguéis será tributado com o CBS e o IBS, o que pode reduzir a lucratividade com propriedades.
Para o segmento de moradia, o relatório FipeZap revelou uma queda na intenção de compra de imóveis. Apenas 39% dos entrevistados afirmaram que planejam adquirir um imóvel nos próximos três meses, um número próximo à média histórica de 38%. Entre esses compradores, 45% têm interesse em imóveis usados, enquanto 10% preferem novos, e outros 45% são indiferentes entre novos ou usados.
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Informações retiradas de Lucas Agrela ao Estadão