Menos suscetível a incertezas econômicas, o segmento de imóveis de luxo segue forte em 2025, mesmo diante do elevado patamar dos juros, da restrição ao crédito e da fuga da poupança.
Crescimento na busca por imóveis de luxo
A procura por imóveis de alto padrão registrou crescimento significativo em janeiro. Dados do Grupo OLX apontam aumento de 19,3% na busca por casas acima de R$ 1,5 milhão em comparação ao mesmo período de 2024. Já entre os apartamentos, a alta foi de 12,4%.
A demanda cresceu em todas as regiões do país. No Nordeste, a busca por apartamentos subiu 27,5%, enquanto no Norte, a procura por casas aumentou 27,4%. “O segmento de luxo é um dos que devem se beneficiar de uma economia mais aquecida”, avalia Marcos Leite, CRO do Grupo OLX.
O mercado de alto padrão é impulsionado pelo perfil do comprador, que não depende de financiamento para adquirir um imóvel. “O imóvel para a alta renda representa uma parcela muito pequena do patrimônio. […] Se ele quer morar em determinado lugar, paga o preço e acabou”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc.
Segmento econômico enfrenta dificuldades
Enquanto os imóveis de luxo seguem em alta, o mercado de imóveis econômicos tem desafios. A busca por casas de até R$ 350 mil caiu 10,3% em janeiro, puxada pela retração no Nordeste (-14,5%). Em contrapartida, a procura por apartamentos dessa faixa de preço teve leve alta de 3,5%.
A Selic elevada impacta diretamente a classe média, que depende do crédito imobiliário. “O mercado de alto padrão depende menos de crédito, o que o torna mais resiliente a tais mudanças”, pontua Leite. “Os imóveis ao lado do Jockey Club têm fila de espera para serem comprados”, destaca Marcelo Tapai, advogado especialista no setor.
Juros elevados e saques da poupança desafiam setor
A taxa Selic, atualmente em 13,25% ao ano, encarece o crédito e torna a aquisição de imóveis mais difícil para a classe média. Em resposta, a Caixa ampliou de 20% para 30% o valor mínimo de entrada exigido para financiamento, o que pode afetar compradores. “Os impactos desse aumento devem ser sentidos pelo mercado neste ano, já que quem tinha apenas 20% para a entrada deverá rever o orçamento”, alerta Leite.
Outra preocupação está nos distratos de imóveis comprados na planta, pois compradores que planejaram financiamentos anos atrás podem se deparar com taxas de juros mais altas. “Essa pessoa até se programou há três anos, mas a taxa de juros dobrou e as parcelas podem se tornar impagáveis”, afirma Tapai.
A fuga da poupança também pressiona o setor. Desde 2021, os saques superam os depósitos em R$ 209,8 bilhões, afetando o financiamento imobiliário, que depende desses recursos. “Quando o banco tem que usar outras fontes, ele provavelmente prefere emprestar esse dinheiro para outro tipo de negócio”, explica Tapai.
Minha Casa Minha Vida resiste
O programa habitacional se mantém estável graças aos subsídios e juros reduzidos para famílias com renda de até R$ 8.000. “O governo entende que a economia funciona com a construção civil”, ressalta Tapai.
O encarecimento do aluguel também impulsiona o programa. “Ainda existe uma massa muito grande de pessoas que querem comprar a casa para morar em um lugar adequado”, observa França.
Os financiamentos contam ainda com recursos do FGTS. “Grande parte dos cotistas do FGTS são pessoas de baixa renda que usufruem do poder de tomar dinheiro a um custo acessível”, conclui França.
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Informações retiradas de Alexandre Novais Garcia para a UOL