O mercado de estúdios e apartamentos compactos continua em destaque no Brasil. Essas unidades, caracterizadas pelo tamanho reduzido e soluções práticas, têm atraído tanto investidores quanto novos compradores, refletindo mudanças nos hábitos das famílias e no perfil de quem busca imóveis.
“A diminuição do tamanho das famílias, o trabalho remoto e a busca por proximidade dos empregos, serviços e atrações culturais são tendências crescentes que têm favorecido a procura por unidades compactas, como os estúdios”, afirma Luiz França, presidente da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).
De onde veio a tendência
Embora a popularidade dessas unidades tenha crescido nos últimos anos, nem sempre foi assim. Em 1956, a Lei Municipal nº 5.261, em São Paulo, restringiu a construção de quitinetes, sob o argumento de que poderiam gerar adensamento excessivo.
Décadas depois, o Plano Diretor de 2014 inverteu essa lógica. Em São Paulo, a política de adensamento urbano em áreas próximas ao transporte público incentivou a construção de estúdios e apartamentos compactos. “Isso facilitou o acesso das pessoas ao transporte público e buscou conter o crescimento desordenado da cidade”, explica Luiz.
Essa mudança transformou o mercado, impulsionando o modelo em outras capitais. “Até mais do que os empreendimentos com quatro dormitórios, que têm minguado em metrópoles como São Paulo”, comenta Guilherme Werner, sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica.
Na capital paulista, os compactos já representam de 25% a 33% do mercado, enquanto apartamentos de luxo somam apenas de 5% a 10%. Nacionalmente, o número de estúdios quadruplicou em relação aos de quatro dormitórios no período pós-pandemia.
Estúdio x apartamento compacto
Apesar de serem parecidos, estúdios e apartamentos compactos têm diferenças importantes. “O estúdio é um espaço aberto, sem paredes internas, enquanto o apartamento compacto geralmente tem dormitórios separados por paredes ou soluções arquitetônicas criativas”, explica Guilherme.
Os estúdios costumam ter entre 20 m² e 25 m², enquanto os apartamentos compactos, com um dormitório, variam de 25 m² a 35 m². Além disso, os condomínios de estúdios frequentemente oferecem serviços como lavanderias compartilhadas, academias, minimercados e até aluguel de bicicletas.
Onde estão localizados
Esses imóveis geralmente ficam próximos a modais de transporte público e estruturas de conveniência, como mercados, farmácias e restaurantes. “A ideia é que os moradores estejam a poucos minutos de deslocamento a pé”, explica Guilherme.
Em 2024, cidades como Porto Alegre, Curitiba e João Pessoa lideraram os lançamentos de estúdios, com alta aceitação do mercado. Já Goiânia e Rio de Janeiro apresentaram menor adesão. Em São Paulo, 24% dos apartamentos lançados são compactos. Capitais nordestinas também têm registrado interesse, especialmente devido ao turismo e às locações de temporada.
Custos e valorização
Os preços variam bastante conforme a cidade e as características do imóvel. Em São Paulo, o metro quadrado de um estúdio custa de R$ 15 mil a R$ 25 mil, com valores médios de R$ 410 mil por unidade. Em Curitiba, o custo é de cerca de R$ 12 mil por metro quadrado, e em Porto Alegre, de R$ 13,5 mil a R$ 15 mil.
Fatores como localização, metragem, estrutura do condomínio e o andar em que o imóvel está localizado influenciam o preço final.
Por que atraem tanto?
Os estúdios têm grande apelo para investidores e famílias. “Em geral, são atrativos para quem busca renda com aluguéis ou valorização do imóvel. Já para as famílias, costumam ser o primeiro imóvel, que pode ser vendido futuramente para a compra de algo maior”, afirma Luiz.
Investidores também se beneficiam com aluguéis de temporada (short stays), mais rentáveis do que locações tradicionais, além de atrair o público do turismo de negócios. “A locação de estúdios pode ser até 20% mais barata que a de hotéis, tornando-se uma opção vantajosa para quem viaja com frequência”, completa Guilherme.
Mercado promissor
Com fatores como mudanças demográficas, trabalho remoto e interesse por investimentos imobiliários, estúdios e apartamentos compactos continuam a ser uma tendência forte no Brasil. Eles são, ao mesmo tempo, reflexo e motor das transformações nos grandes centros urbanos.
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Informações retiradas de Casa&Cor